Análise do mercado :: semana 19 de Julho à 23 de Julho

A temporada de divulgação de resultados nos EUA se iniciou na semana passada, com os grandes bancos atingindo essencialmente resultados relativamente acima das projeções de mercado. Mas será que as empresas de outros setores também reportarão ganhos desta mesma forma?

Os desafios para isto são enormes, dado que os aumentos de custos (commodities de todos os tipos, salários etc.) podem ter pressionado as margens de diversas corporações. E se por ventura esse cenário fizer sentido, como os valuations destas poderão ser impactados?

Com base nessa possibilidade, esperamos fortes ‘emoções’ para este período.

O quadro a seguir traz as principais divulgações de resultados desta semana:

Neste sentido também, uma importante corrente acredita que o crescimento econômico do mundo corre um sério risco de decepcionar, sobretudo por um ponto de vista orgânico. E as taxas de juros americanas de 10 anos podem estar refletindo exatamente este sentimento, já que mesmo estando em patamares baixíssimos, a mesma vem apresentando um declínio interessante nestas últimas semanas, sugerindo que os estímulos fiscais e monetários poderão ser necessários ainda por um longo período.

Análises gráficas

As análises abaixo refletem apenas opiniões de cunho pessoal, e não ecoam de maneira alguma qualquer tipo de recomendação de investimento. Além disso, as mesmas são estritamente gráficas, e não consideram qualquer variável adicional, incluindo as citadas no início desse texto.

Ibovespa

O principal índice brasileiro fez novo topo histórico, depois de realizar uma correção na retração de 50% de fibonacci relativo à sua perna anterior de alta. Desta forma, o alvo próximo à região dos 140mil pontos – assumindo que o descanso / correção que o levou dos 105mil aos 93mil pontos foi apenas a confirmação de uma bandeira de alta – se mantém bastante forte, contudo com importantes resistências pela frente, como a linha superior do canal de alta (linhas diagonais paralelas em preto) originado em 2016 – região no qual o mesmo vem apresentando neste momento uma correção.

Dois suportes podem se apresentar de forma importante para uma nova perna de alta, a faixa dos 125mil (região onde o índice estacionou nesta última semana), por ser a zona do seu último histórico, a o topo histórico pré-pandemia, perto dos 120mil pontos, que coincide com a retração de 50% de fibonacci desta última perna.

Numa visão dolarizada, observa-se que o ibovespa se encontra dentro de um canal amplo de alta, também muito próximo à sua linha superior, e a expansão de 100% de fibonacci, conforme gráfico abaixo. Como sugerimos, a probabilidade de uma correção não era desprezível.

Contratos de dólar

Os contratos futuros de dólar vêm trabalhando dentro de uma ampla congestão, conforme o retângulo destacado no gráfico abaixo. A moeda americana vem mostrando um determinado enfraquecimento diante das moedas de países emergentes, como a do Brasil, e como também mencionamos, acabou atingindo o patamor dos USDBRL 5,00.

É preciso ter cautela diante da atual dinâmica que envolve o andamento das reformas no país, crises políticas intermináveis, e mais para frente, as eleições presidenciais no país.

Todas as novidades trazidas na ultima declaração do FOMC devolveram depois de muito tempo um movimento bastante forte na moeda americana, conforme demonstrado pelo índice DXY abaixo, podendo este se alongar desta maneira por mais algumas semanas pela frente.

Ainda sobre a moeda americana, observamos neste ano uma valorização da mesma sobre o Euro, e uma desvalorização em relação à algumas de países emergentes que iniciaram o processo de aumento das suas respectivas taxas de juros, como é o caso do Brasil, México etc.

S&P 500

O principal índice americano continua fazendo máximas históricas de forma consecutiva, mas entra nesta temporada de resultados em um ambiente de apreensão – mesmo tendo como uma fatia significativa de sua carteira as principais empresas de teconologia como o Facebook, Aple, Microsoft, Google e Amazon.

A economia americana vem produzindo sinais de recuperação, no entanto, com uma série de divulgações dúbias, como a atividade industrial que veio bem abaixo das expectativas do mercado, enquanto as vendas no varejo surpreenderam a todos de forma bem positiva.

A tendência de alta se mantém até segunda ordem, como observamos no canal de alta demarcado pelas duas linhas diagonais e paralelas em azul no gráfico abaixo.

Commodities / Metais / Bitcoin

Também com uma recente alta expressiva, os preços do barril de petróleo (WTI) operam numa clara tendência de alta, e após buscar a resistência que vínhamos mencionando na casa dos 76-77 usd/bbl, apresentou uma leve correção nas duas últimas semanas que passaram.

Relatórios recentes divulgados pela OPEC e também pela IEA, sugerem otimismo com relação à demanda, embora mencionem que as incertezas ainda são bem consideráveis.

Os preços do minério de ferro e de cobre depois de subirem de forma muito acentuada, num misto de disrupção da cadeia de suprimentos, e uma demanda inesperada vinda principalmente da China, operam neste momento de forma mais cautelosa após sofreram recentemente com a notícia de que o país tentará controlar de alguma forma os preços das commodities.

Ouro / Bitcoin

O metal após dar sinais que havia rompido para cima um importante canal de baixa (bandeira de alta?), voltou a operar dentro do mesmo, e vem testando novamente a linha superior deste mesmo canal neste momento.

Já o bitcoin corrigiu de forma abrupta, e vem operando mais recentemente entre 30-40mil USD, podendo ter marcado um fundo / suporte na casa dos USD 30mil – que deve ser testado mais uma vez nos próximos dias.

Agenda econômica

O calendário econômico desta semana é mais amena, contudo, conforme mecionado no início da nossa análise, as divulgações de resultados poderão trazer fortes emoções para os próximos pregões.

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