Análise do mercado :: semana 20 à 24 de Setembro

Estamos dentro de um contexto de alerta tanto para a economia global, quanto mais ainda para a doméstica.

A pandemia ressurge fortemente em alguns países que já possuem um nível de vacinação significativo, como é o caso de Israel, e da principal economia do mundo, os EUA, o que pode interferir negativamente na recuperação econômica do mundo.

O gráfico a seguir demonstra o nível de vacinação (duas doses) das doze principais economias do mundo em relação às suas respectivas populações. E mais abaixo, o comportamento da pandemia nos EUA.

A China também sente com uma tendência de desaceleração da sua atividade industrial, o que se reflete inclusive na queda abrupta da cotação do minério de ferro, como veremos mais adiante.

Além disso, uma das mais importantes empresas de real state do país, a Evergrande, com uma dívida em torno de USD 300 bilhões, além de ter centenas de empreendimentos parados e inacabados, e uma quantidade grande de fornecedores sem receber, pode não conseguir honrar seus compromissos de curto prazo. Ou seja, em palavras da agência de classificação Fitch, o risco de default (calote) parece provável. Segundo uma outra agência, a Moody’s, a Evergrande está sem dinheiro e sem tempo. Um problema do tamanho da população da China…

Além disso, a inflação bate à porta em todos os lugares do mundo. Muitos ainda afirmam que o fenômeno atual é temporário. Mas será mesmo?

Ainda no tópico inflação, mas passando para o ambiente doméstico, o IPCA por aqui acelerou e está quase batendo o patamar de 2 dígitos, visto pela última vez no governo Dilma.

Neste sentido também observamos a perda do poder de compra do número de cestas básicas por salário mínimo, o que enfatiza que a inflação é uma das formas mais rápidas de empobrecer (mais ainda) uma nação.

Para tentar conter esse efeito que é um dos mais agressivos principalmente para a população com menor poder aquisitivo, o Banco Central do Brasil vem aumentando de forma acelerada a taxa básica de juros do país, onde muitas instituições já projetam que a mesma poderá fechar em torno de 10% no final de 2022.

Com juros altos, estimativas de contração do PIB para o ano que vem, com um risco inerente de crise hídrica (o que eleva a inflação e ajuda a estagnar o crescimento), a sombra da estagflação começa a aparecer de forma mais importante – sendo esse um dos piores cenários macroeconômicos que um país pode atravessar.

E se não bastasse, mais um aumento de imposto através do IOF, pode aumentar ainda mais a carga tributária elevadíssima que o país já tem.

O cenário não é nada fácil, seja no mundo, e seja aqui. A pandemia, os lockdowns prolongados que interromperam uma série de cadeias produtivas, as políticas monetárias expansionistas, as políticas fiscais exageradas, nos levaram à esse contexto difícil, e que ainda pode piorar muito.

Cuidem-se !!!

Análises gráficas

As análises abaixo refletem apenas opiniões de cunho pessoal, e não ecoam de maneira alguma qualquer tipo de recomendação de investimento. Além disso, as mesmas são estritamente gráficas, e não consideram qualquer variável adicional, incluindo as citadas no início desse texto.

Ibovespa

Após perder a faixa dos 120mil pontos, representado pelo topo histórico pré-pandemia, o principal índice brasileiro continua a cair de forma bem acentuada, e neste momento, vem tentando romper para baixo a linha inferior do canal de alta em preto, que foi rompido apenas no início dessa atual pandemia.

A perda desse suporte com força, pode significar uma depreciação de maior relevância para as próximas semanas, com um potencial de queda para a região dos 90mil pontos, com base na projeção da amplitude deste canal para baixo.

Numa visão dolarizada, o IBOV também vem tentando romper para baixo a linha inferior de um canal de alta mais recente, reforçando a possibilidade de um cenário mais acentuado de queda.

Contratos de dólar

Os contratos futuros de dólar vêm trabalhando dentro de uma ampla congestão, conforme o retângulo destacado no gráfico abaixo. O risco fiscal e as intermináveis crises políticas, deixam a faixa abaixo dos USDBRL 5,00 como um sonho novamente distante.

O índice DXY após fracassar em romper seu topo anterior para cima, o que configuraria uma figura de ‘W’, e o projetaria o mesmo lá para cima,vem se movimentando de modo lateral nas últimas semanas.

No entanto as divulgações ainda dúbias da economia americana continuam a dar suporte para uma política mais dovish do FED, sugerindo que as taxas de juros reais negativas por lá devem perdurar ainda por mais algum tempo.

S&P 500

O principal índice americano depois de muito tempo fez duas barras semanais de queda, e vai tentando romper um canal de alta extremamente inclinado para cima. Dado as circunstâncias do recrudescimento da pandemia, e a forma como o S&P500 subiu, uma correção mais acentuada seria mais do que natural.

Commodities / Metais / Bitcoin

Nas últimas semanas o preço do barril de petróleo americano (WTI) voltou a se recuperar e pode voltar a testar a sua máxima do ano na casa dos USD 77/bbl. Para médio e longo prazo, a não ser por uma eventualidade maior, a tendência da commodity é de alta, devido à falta de investimento no setor, principalmente no óleo de xisto que provém dos EUA.

Os preços do minério de ferro vêm corrigindo de forma acentuada, saindo de uma máxima de quase USD 230 em Julho deste ano, para um fechamento na semana anterior na casa dos USD 114, ou seja, uma queda de 50% em aproximadamente dois meses. Seu grande suporte nesse momento é a média de 200 períodos (linha em vermelho no gráfico abaixo).

O cobre vem trabalhando de forma mais resiliente, mas acabou perdendo uma LTA que vinha sendo respeitada há bastante tempo, o que sugere a possibilidade de uma correção também mais aguda, conforme gráfico a seguir.

Ouro / Bitcoin

O metal após dar sinais que havia rompido para cima um importante canal de baixa (bandeira de alta?), tem se movimentado em torno da linha superior desse mesmo canal.

Já o bitcoin depois de testar a faixa dos USD 30mil por algumas vezes, voltou a subir de forma muito consistente, e pode ir também testar a sua máxima histórica, próximo dos USD 60mil mais para frente.

Agenda econômica

Esta semana teremos uma super 4af, com decisões de taxa de juros aqui e nos EUA. Existem muitas apostas que a alta aqui no Brasil poderá ser de 1,25-1,50%, e a manutenção de 0-0,25% nos EUA.

Além disso, a 6af, com a divulgação do IPCA, e com a fala do presidente do FED, Jerome Powell, promete também muita volatilidade.

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