Iniciando esta análise semanal pela figura que ilustra a sua capa (anexada também abaixo), observamos que os mercados vêm apostando que a recuperação econômica se dará num formato em ‘k’. De forma resumida, isso significa dizer que alguns setores retomarão (ou já retomaram) as suas atividades de forma sólida, como se deu claramente com o ramo de tecnologia, e alguns outros demorarão um pouco mais (ou talvez nunca mais retornem a ser o que foram um dia), como a indústria de transporte aéreo, hotéis, entre outros.
Mas essa ainda é uma perspectiva de um cenário ainda rodeado de incertezas – incertezas essas que semanalmente procuramos abordar em nossas análises.
Ainda não é possível mensurar totalmente os estragos adjacentes à covid-19. Primeiramente, porque ainda estamos dentro da pandemia, e os casos de contágio no mundo não param de crescer, embora se conheça muito mais sobre esse vírus do que se conhecia no início do ano.
É importante enfatizar que a evolução do contágio pelo coronavírus em diversas regiões, vem gerando a necessidade da implementação de medidas mais restritivas pelos seus respectivos governos, o que dificulta e alonga ainda mais o processo de retomada econômica destas localidades.
Uma outra grande incerteza é que desconhecemos os efeitos colaterais dos ‘remédios’ (ferramentas) utilizados para minimizar os impactos dessa pandemia no curtíssimo prazo. O fato é que nunca se imprimiu tanto dinheiro na história do mundo, e uma variedade de entidades, sejam elas corporativas ou governamentais, se encontram numa situação de endividamento muito preocupante, vide o Brasil.
O quadro a seguir indica o percentual da dívida de diversos países com relação aos seus PIBs, isto é, associado à produção das suas respectivas riquezas.
A grosso modo não sabemos como essa dívida será paga / rolada, se precisará ser mais aumentada (pois a atual pandemia ainda não tem prazo de validade), se conseguirá gerar emprego / demanda / consumo de maneira adequada, se essa quantidade incrível de dinheiro que foi jogada nas economias produzirá inflação em algum momento (na verdade já há sinais de aumento de inflação, contudo é necessário entender se é uma tendência ou um fator pontual) etc.
Além disso, nos aproximamos das eleições presidenciais americanas, principal potência econômica do mundo, com muita indefinição de quem será o vencedor. Como esta eleição ocorrerá simultaneamente com as eleições para a Câmara dos deputados e o senado, além de várias disputas estaduais e locais, existe um grande receio de como ficará a composição de uma forma em geral entre republicanos e democratas.
Ibovespa
Observamos que praticamente após dois meses preso dentro de uma canal estreito de baixa, numa amplitude de aproximadamente cinco mil pontos, o indice rompeu o mesmo pra cima, e tem em teoria um objetivo no curtíssimo prazo que se aproxima do seu topo pós-pandemia. Como mencionávamos nos semanais anteriores, como esta correção foi relativamente rasa (se comparado a alta produzida a partir de Março), a mesma se assemelha bastante à uma possível bandeira de alta.
Levando em consideração a mínima atingida no início de todo esse ambiente, até o topo mais recente, encontramos um intervalo de cerca de 43mil pontos. Projetando essa amplitude para cima, como diz a teoria para padrões de bandeiras, encontramos um objetivo de médio / longo prazo na faixa dos 140mil pontos. Será?
Contratos de dólar
Os contratos futuros de dólar vêm operando no curtíssimo prazo de forma consolidada entre as linhas vermelha (resistência) e azul mais fina (suporte). Além disso, como vem sendo também muito bem comentado pelo Estevão nos nossos matinais diários, é possível visualizar um canal de alta amplo, com muitas subidas e descidas, marcado pelas duas linhas diagonais e paralelas em preto no gráfico abaixo.
É de se esperar que caso o índice brasileiro realmente se aprecie nas próximas semanas / meses, que o dólar pela histórica correlação oposta, se depreciasse frente ao Real. No entanto, para que isso venha acontecer de forma mais incisiva, precisaríamos ver uma demonstração contundente do governo sobre a existência de um caminho claro para a redução da nossa dívida no longo prazo.
Vale ressaltar que o Real é a moeda dos países emergentes que mais de desvalorizou frente ao dólar neste ano, de acordo com o quadro ao lado.
O índice DXY após realizar uma queda extremamente aguda, justamente pelo afrouxamento monetário e fiscal americano, vem se segurando dentro das duas linhas paralelas marcadas em preto no gráfico abaixo, dado que as condições de enfretamento à pandemia são frágeis em uma boa parte dos países, sobretudo, nas principais economias da Europa (já que o Euro é a principal moeda que compõe o dollar index).
https://www.youtube.com/watch?v=bQwlJWXZqIQ&t=2sPara entender um pouco mais sobre o índice DXY, e quais são os principais fatores que fazem a moeda americana oscilar perante às outras moedas do mundo, sugerimos que assistam o vídeo ao lado, que aborda esses temas de forma extremamente resumida e simples. É um assunto de extrema importância para todos aqueles que queiram otimizar seus investimentos de uma forma em geral.
S&P 500
O principal índice americano vem nas últimas três semanas oscilando entre os seus topos históricos pré e pós pandemia.
Tal indefinição, configurada pelas possibilidades de um topo duplo / figura de ‘M’, ou da formação de um novo pivot de alta, provavelmente será dissipada nas semanas após às eleições.
Commodities
Assim como em Setembro, os preços do barril de petróleo vem apresentando uma considerável volatilidade neste mês de Outubro (bem superior ao dos meses anteriores).
Cabe ressaltar que no início desse mês a OPEP em seu relatório anual sobre petróleo, reduziu as projeções de demanda pela commodity. Desde junho deste ano que o petróleo WTI vem oscilando da faixa dos 34 aos 44 USD/bbl, intervalo de preços que não era atingido desde 2016. Ou seja, o atual equilíbrio entre produção e demanda vem sustentando o preço em um patamar relativamente desconfortável para o setor.
O minério de ferro depois de romper uma importante consolidação na casa dos USD 100, atingindo a sua nova máxima histórica, tendência essa que vínhamos comentando nas análises semanais passadas, vem se segurando nessa região de forma impressionante.
Assim como aconteceu com o minério de ferro, a possibilidade de interrupções nas cadeias de abastecimento do cobre acabaram gerando igualmente uma pressão nos preços dessa commodity, dado que o Chile, principal produtor mundial desta, sofreu como muitos outros, com a atual pandemia do coronavírus.
O rompimento do canal de baixa marcado pelas duas linhas diagonais e paralelas, sugerem graficamente, que o mesmo tem um potencial de alta para patamares de preços que não são alcançados há bastante tempo (conforme seta vermelha situada no canto direito superior do gráfico abaixo).
Ouro
O ouro após cumprir o seu alvo gráfico, e romper o triângulo em preto para baixo, vem trabalhando nos últimos dias de forma relativamente consolidada, sem dar maiores pistas óbvias da sua direção para os próximos dias / semanas.
A intensificação de impressão de dinheiro pelos bancos centrais ao redor do mundo geram uma força positiva para o metal, simplesmente pelo fato de trazer uma instabilidade considerável em termos de confiança no poder aquisitivo do papel moeda.
Calendário de resultados
Conheceremos nesta semana o resultado de uma série de empresas. Dependendo dos balanços apresentados, e do peso que estas têm em seus respectivos índices, poderemos observar também uma volatilidade mais acentuada nestes dias.
As tabelas a seguir listam algumas das principais divulgações tanto aqui no Brasil, quanto também nos EUA.
Agenda econômica
A agenda econômica nesta semana está repleta de eventos que podem trazer maior oscilação aos mercados. Entre eles, destacamos a decisão da taxa de jurosno Japão e Zona do Euro, PIB do 3o trimestre nos EUA e Alemanhã, atividade industrial na China, entre outros.
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